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Eugénio do Canto (1836 – 1915)

Eugénio do Canto, era filho do segundo casamento de José Caetano Dias do Canto Medeiros e de Francisca Vicência Botelho. Foi bacharel em Filosofia, escritor e bibliófilo, e irmão de Ernesto e de José do Canto, sendo, deste último, além de irmão, também genro, por ter casado com Maria Brum do Canto, filha de José do Canto.

Depois dos estudos efetuados em Ponta Delgada, matriculou-se na Universidade de Coimbra, na Faculdade de Filosofia, tendo concluído o curso em 1959.

Regressou a Ponta Delgada e, em 1862, foi contratado como professor para o Liceu de Ponta Delgada, tendo, em 1869, sido nomeado Reitor do mesmo. Passou ainda pelo cargo de Guarda-Mor da Relação dos Açores (1874). Em 1879 volta ao Liceu, tendo sido, por Dec. de 3 de Julho de 1984, nomeado professor efetivo de Aritmética, Geometria e Álgebra.

Custeou a publicação de uma reprodução, em “fac-símile” da Epístola, dirigida por D. Manuel, em 1513, ao Papa Leão X, narrando-lhe a tomada de Malaca e outras vitórias alcançadas por Afonso de Albuquerque, grande raridade bibliográfica impressa em Roma em 1514.

Eugénio do Canto realizou ainda a publicação de muitas espécies existentes em várias bibliotecas da Europa que interessavam a Portugal. Nomeadamente: Alegações feitas contra os portugueses a favor dos reis de Castela e Leão, pelo Bispo de Burgos D. Afonso; Cartas a el-rei D. João II do Dr. Jerónimo Monteiro; Carta de Alberto Cantino, de 1501, ao duque de Ferrara; Carta de el-rei D. Afonso IV ao papa Clemente XI, de 12 de Fevereiro de 134; Relação da viagem aos Açores feita pelo Conde de Cumberland em 1589, entre outras.

Podemos ainda dizer que Eugénio do Canto foi grande amigo de Antero de Quental, tendo publicado uma interessante edição de algumas das suas cartas.

A livraria de Eugénio do Canto, deu entrada na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada em Maio de 1916, na sequência do estabelecido no seu testamento.

Este acervo é constituído por mais de 5000 títulos de monografias (destes, cerca de 400 títulos são de Livro Antigo) e publicações periódicas. À semelhança das livrarias deste período cronológico, os assuntos abrangem as várias áreas do conhecimento. No entanto a Literatura (nos seus vários géneros) portuguesa e estrangeira ocupam uma boa parte da livraria. A História, Filosofia, Medicina e Religião também são assuntos muito frequentes.

Na década de 20, Francisco do Canto Bettencourt, sobrinho de Eugénio do Canto, ofereceu o retrato do tio, para ser colocado junto do seu legado.