Nasceu em Vila Franca do Campo, S. Miguel. É autor de uma obra multifacetada, que abrange a poesia, o teatro, a investigação e a crónica. No entanto, Armando Cortes Rodrigues considera-se e, gostava que o considerassem, acima de tudo, poeta.
A sua produção literária é constituída por uma forte espiritualidade de índole religiosa. O seu universo está carregado de sinais de Deus, não sendo por acaso que o vemos assinalar em muitas das páginas de Voz do Longe, as grandes afinidades entre a poesia e a oração, os santos e os artistas, a religião e a literatura.
A ida para Lisboa, para cursar Românicas, fê-lo conhecer Fernando Pessoa e fazer parte do grupo do Orpheu. Colaborou nos primeiros números da revista com o mesmo nome, assinando sob o pseudónimo Violante de Cysneiros.
Depois de conviver com os seus camaradas do Orpheu e de participar em toda a agitação que rodeou o aparecimento da revista, regressa a São Miguel, em 1917, onde residirá até ao final da vida (exceto a sua permanência de três anos na Terceira), exercendo a profissão de professor do Liceu.
O seu modernismo foi muito moderado, dando a mão à tradição da composição lírica e às especificidades da sua terra-natal.
A sua atividade intelectual continuou a florescer: foi sócio fundador do Instituto Cultural de Ponta Delgada, chegando mesmo a gerir a revista Insulana, publicação da responsabilidade deste Instituto que levou o nome dos Açores além-fronteiras.
O desvendar de Cortes Rodrigues da «alma popular» fez-se pela poesia (mesmo quando formalmente optou pelo moderno verso livre ao invés da redondilha), de estudos etnográficos muito relevantes, de crónicas e de teatro, tendo adaptado uma peça para argumento de um filme português que se tornou célebre em 1954, Quando o Mar Galgou a Terra.
O reencontro com a sua terra conservadora, onde frequentara o quase conventual colégio Fisher, avivou nele um classicismo poético de acentuada vertente humanista. A serenidade viva com que evocava as suas raízes valeu-lhe o Prémio Antero de Quental em 1953, pelo livro Horto fechado e outros poemas.
Para perpetuar a sua obra e, em sinal de reconhecimento, o Governo Regional dos Açores, em Fevereiro de 1979, adquiriu a sua casa, para aí ser criado um polo de dinamização cultural. Até 1982, esteve entregue à Biblioteca Pública de Ponta Delgada que procedeu ao registo e catalogação da Livraria do poeta.
Em 1988 esta casa, e todo o seu recheio, livraria inclusive, passaram para a posse do Museu Carlos Machado, onde permaneceu, dando entrada, definitivamente na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, em 2009. Era então diretor desta Instituição, Carlos Guilherme Riley (2008-2011).
Este acervo é constituído por cerca de 6000 títulos de monografias e algumas publicações periódicas, de caráter literário, histórico, etnográfico e religioso.
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