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José Bruno Tavares Carreiro (1880-1957)

Jornalista, escritor e autonomista. Filho do médico Bruno Carreiro, viveu a sua infância em Ponta Delgada, frequentou o ensino secundário no continente e licenciou-se em Direito, pela Universidade de Coimbra (1904).

Regressou a S. Miguel, onde exerceu o cargo de Subdelegado do Procurador Régio e a advocacia. A partir de 1910, foi nomeado secretário do governo civil, cargo ocupado até à idade de reforma, em 1949.

Na área política aderiu ao Partido Regenerador e colaborou no seu jornal, O Distrito, em 1907-08. No período da República, para além de algumas suspeitas em relação ao seu pendor monárquico, posicionou-se sempre ao lado dos republicanos mais conservadores.

Foi a partir de 1920, data em que fundou o Correio dos Açores e o dirigiu até 1937, que a sua influência marcou a vida política açoriana. Nas páginas daquele jornal diário, desenvolveu uma longa campanha em torno do açorianismo, apoiou e promoveu reivindicações autonomistas e combateu a hegemonia do Partido Democrático.

Com a ditadura militar, foi um dos ideólogos da estratégia que levou à publicação do decreto de 16.02.1928, pelo qual foram ampliados os poderes e as receitas das Juntas Gerais, mas logo de seguida um decreto de Salazar (31.07.1928) anulou as conquistas alcançadas. Nas páginas do Correio dos Açores manifestou o seu desagrado contra algumas medidas impostas por Salazar.

Foi também defensor da unidade açoriana, materializada no projeto político-administrativo da “Província Açoriana”. Empenhou-se na projeção dos Açores no exterior, promovendo, em 1924, a polémica “Visita dos Intelectuais” continentais.

Em 1934 publicou “Antero de Quental – Notas sobre a sua vida”, e anuncia (1940) um vasto trabalho de reconstituição da vida daquele poeta, trabalho cuja síntese publicou no seu jornal em 1932-33.

A sua livraria, constituída por mais de 500 títulos de interesse anteriano, deu entrada na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, em 1961, por disposição testamentária, era, então diretor desta instituição, Alfredo Machado Gonçalves (1960-1970).

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