Nascido em São Miguel no dia 20 de Dezembro de 1820, pertencia a uma das famílias de maior condição social de S. Miguel, sendo filho do morgado José Caetano Dias do Canto Medeiros e de D. Margarida Isabel Botelho e irmão de Ernesto e Eugénio do Canto.
Com cerca de dezoito anos parte para França, para estudar no Colégio de Fontenay-aux-Roses. Volvidos dois anos (1840) veio para Coimbra, para a Faculdade de Matemática, mas nunca completou o curso. Em 1842 casou com D. Maria Guilhermina Taveira Brum da Silveira, única herdeira de uma rica casa vincular com propriedades em S. Miguel, Faial, Pico, S. Jorge e Terceira, e dedicou-se à administração dos seus bens.
Foi um grande benemérito da sua ilha natal, foi presidente da Junta Geral do Distrito, fundador da Sociedade Promotora de Agricultura Micaelense e criador de dois jardins modelos (dos mais belos e notáveis do país), um em Ponta Delgada e outro nas Furnas. Por volta de meados da centúria já se encontrava a ensaiar a cultura do ananás e do chá ao ar livre.
O Asilo Maria Teresa, que fundou, viveu cerca de quarenta anos às suas expensas, foi também ao seu árduo empenho que se deveu a construção da doca do porto de Ponta Delgada.
Ficou conhecido pela sua paixão pela obra camoniana, a qual estudou e coleccionou as mais variadas edições. Também dedicou parte do seu tempo ao estudo e investigação de outros poetas do século XVI.
Além de pequenos opúsculos de interesse local, escreveu: Calendário Rústico, 1851; Centenário de Camões. Catálogo da colecção camoniana exposta na Biblioteca de Ponta Delgada, 1880; Colecção Camoniana, 1895; Tarde e noite de Maio (novela inédita) e muitos artigos de valor no Agricultor Micaelense, que fundou.
Viria a morrer a 10 de Julho de 1898, sendo sepultado na igreja de Nossa Senhora da Vitória, que fez edificar nas margens da Lagoa das Furnas.
A sua livraria conta como uma das mais valiosas entre aquelas que formam o acervo documental desta instituição, quer pela raridade das espécies bibliográficas, quer pela sua colecção camoniana, considerada a 2ª a nível nacional.
Esta livraria foi adquirida pela Junta Geral, por escritura celebrada a 22 de maio de 1946, sendo diretor da Biblioteca Pública João de Simas (1927-1960) que muito se empenhou no sentido de manter os livros de José do Canto em S. Miguel. João de Simas foi membro relator da comissão nomeada pela Junta Geral para elaborar o parecer, datado de 1 de outubro de 1945, sobre a importância e conveniência da aquisição da referida livraria.
A Livraria de José do Canto tem cerca de 16000 títulos que cronologicamente vão desde o século XV ao século XIX e as temáticas que abarca são inúmeras. Destacamos, porém, o facto de conter 2 incunábulos e livros de Tipografia Portuguesa do século XVI, que podem ser considerados como um dos conjuntos de espécies bibliográficas de maior raridade que se encontram nesta instituição, nomeadamente a 1ª edição de Os Lusíadas, datada de 1572.
Possui, ainda, 606 títulos de publicações periódicas e mais de 1500 cartas, pelas quais nos podemos aperceber do cuidado que tinha na administração das suas propriedades, assim como, o seu relacionamento com livreiros e alfarrabistas das principais capitais europeias.
A sua livraria está disponível para consulta.