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Livraria dos Conventos

O nome desta livraria está diretamente relacionado com a história da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.

A primeira determinação governamental para a criação da Biblioteca Pública foi pela circular de 7 de janeiro de 1834 e resultou do pedido feito pelo Prefeito da Província Oriental dos Açores, João Andrade Ferreira de Moura, que junto do governo alertou para a conveniência de serem dados a Ponta Delgada os livros confiscados aos rebeldes e os das comunidades religiosas extintas.

Em 18 de agosto de 1835, foi nomeada uma comissão para proceder à instalação da Biblioteca Pública, composta pelo padre João José do Amaral, José Caetano Dias do Canto Medeiros, José Inácio Machado de Faria e Maia, Luís Alberto de Melo Cabral e Manuel António de Vasconcelos, mas só em 1838 se ouve novamente falar da constituição de uma biblioteca, desta vez com dados mais concretos, quer quanto ao local onde iria funcionar quer quanto aos livros que a iriam constituir.

A 22 de fevereiro deste ano, o Administrador Geral do Distrito autoriza a referida comissão a usar parte do Convento da Graça, ou qualquer outro edifício do Estado, para a sua instalação.

No entanto, só em 1841 este processo arrancou definitivamente, através do projeto de lei de 16 de janeiro, apresentado à Câmara dos Deputados pelos representantes da Província Oriental dos Açores, António Vicente Peixoto (Barão de Santa Cruz), Francisco Afonso da Costa Chaves e Melo e João Joaquim da Costa Simas. Convertido em lei pelo Decreto de 10 de dezembro do mesmo ano, emanado do Ministério do Reino e publicado no Diário do Governo n.º 300, de 20 de dezembro, foi criada a Biblioteca Pública de Ponta Delgada.

Com o Decreto de 12 de março de 1845, publicado no Diário do Governo n.º 53 de 15 de Março, foram estabelecidos de forma definitiva os fundamentos da Biblioteca Pública, assim como os meios que garantiriam o seu funcionamento. O seu primeiro bibliotecário foi Thomaz Brown Soares (1842-1851), oficial da Biblioteca Nacional de Lisboa, o qual tomou posse em 11 de janeiro de 1846.

No “Relatório do Estado da Biblioteca Pública”, de 30 de setembro de 1852, o então diretor da mesma, Mariano José Cabral (1851-1861), refere que o acervo da biblioteca era constituído por cerca de 10000 volumes, dos quais uma parte teria pertencido aos extintos conventos de São Francisco, da Graça e ao Hospício da Caloura, outros enviados do Depósito Geral das Publicações do Reino, acrescidos com as doações de cidadãos de Ponta Delgada.

Neste conjunto de livros, denominado “Livraria dos Conventos”, o livro antigo (edições entre 1501 e 1800) é a maior parte (cerca de 6520 volumes), no qual se incluem livros muito raros, entre os quais dois incunábulos.

Os assuntos que se encontram nesta livraria estão relacionados com a proveniência destas espécies, sendo os mais importantes a Teologia, o Direito Canónico, a História, as Literaturas clássica e religiosa e a Filosofia.