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Destaques de julho

Agora que estamos no Verão, sabe bem acompanhar esta estação com leituras que a integram. É o caso de Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6 de Novembro de 1919 – Lisboa, 2 de Julho de 2004). Sem dúvida que a maior parte da extensa poesia de Sophia, Prémio Camões em 1999, é dedicada ao mar, tema sobre o qual, depois do primeiro livro, publicou Poesia (1944) {EMP 82(469)-1 ANDR/poe},  Dia do Mar (1947) {EMP 82(469)-1 ANDR/DIA}, Coral (1950) {EMP 82(469)-1 AND/cor}, Mar Novo (1958) {EMP 82(469)-2 ANDR/mar}, Navegações (1977) {EMP 82 (469)-1 AND/nav}, Ilhas (1989) {EMP 82(469)-1 ANDR/ilh}.

O facto de ter passado grande parte da sua infância na praia da Granja, no Campo Alegre, cidade onde nasceu e vivia com a família, devolveu-lhe um subtexto para o qual converge todo o mundo natural, conforme haveria de exprimir num almoço que a Sociedade Portuguesa de Autores lhe ofereceu no dia 11 de Julho de 1964, quando a autora recebeu o Grande Prémio de Poesia:

«Sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sempre um círculo traçado à roda duma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso. E se a minha poesia, tendo partido do ar, do mar e da luz, evoluiu sempre dentro dessa busca atenta.» (Andresen, 1992: 7) {NC 6051 RES}.

Mas, na poesia de Sophia, o mar fala bem mais alto. Não por acaso, a filha, Maria Andresen de Sousa Tavares (2001), a quem devemos alguns estudos sobre a obra da poeta, publicou uma antologia com poemas dedicados ao nosso oceano, intitulada Mar {EMP 82 (469) -1 AND/mar}.

As praias algarvias, onde mais tarde viria também a passar férias e as praias mediterrânicas com as suas ilhas, integram esse universo marítimo matriz, lugar de liberdade e de regeneração que a sua poesia premiará. Quem, como Sophia, escreve no sublime poema «Atlântico» «Mar/Metade da minha alma é feita de maresia» (Andresen, 2001:9). A poeta, ao escrever, em «Mar Sonoro»,  do  livro Dia do mar, “Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,/ A tua beleza aumenta quanto estamos sós/…» (Andresen, 2003:12), traduz a relação filial e umbilical do sujeito poético com a superfície líquida que nos enforma: dois terços do planeta é constituído por mar; dois terços de cada um de nós é componente líquida: somos gerados no líquido amniótico. Ora, esta relação íntima com o mar-confidente-princípio-lugar do sagrado, parte, antes de tudo, da origem líquida do ser humano: «Aquele que profanou o mar/…» (Andresen, 2003: 30 [Mar Novo].

As palavras de Sofia sobre uma viagem ao oriente, quando recebeu o Prémio do Centro Português da Associação de Críticos Literários, em 1984, permitem apercebermo-nos como o mar era para a poeta ponto de partida para o texto poético:

«Corri uma cortina e vi um ar fulgurantemente azul e lá em baixo um mar ainda mais azul. E, perto de uma longa costa verde, vi no mar três ilhas de coral azul-escuro, cercadas por lagunas de uma transparência azulada.

Pensei naqueles que ali cegaram sem aviso prévio, sem mapas, ou relatos, ou desenhos ou fotografias que os prevenissem do que iam ver.» (Andresen, 1996:7).

Naturalmente que outros temas há a explorar na obra multímoda de Sophia, onde a literatura infantil, os contos e os ensaios ocupam também um lugar cimeiro.

Boas leituras!

Texto: AA/BPARPDL

 

Disponíveis para empréstimo domiciliário

 

ANDRESEN, Sofia de Melo Breyner – Poesia. Ed. definitiva. [Lisboa]: Caminho, imp. 2003.

EMP 82(469)-1 ANDR/poe

 

ANDRESEN, Sofia de Melo Breyner – Dia do mar. Ed. definitiva. [Lisboa] : Caminho, imp. 2003.

EMP 82(469)-1 ANDR/dia

 

ANDRESEN, Sofia de Melo Breyner – Coral. Lisboa: Portugália Editora, [197?].
EMP 82(469)-1 AND/cor

 

ANDRESEN, Sofia de Melo Breyner – Mar novo. Ed. definitiva. [Lisboa]: Caminho, imp. 2003.

EMP 82(469)-1 ANDR/mar

 

ANDRESEN, Sofia de Melo Breyner – Navegações. 2ª ed. Lisboa: Caminho, 1996.

EMP 82(469)-1 AND/nav

 

ANDRESEN, Sofia de Melo Breyner – Ilhas. 2ª ed. Lisboa: Texto Editora, 1990.

EMP 82(469)-1 ANDR/ilh

 

ANDRESEN, Sofia de Melo Breyner – Mar: poesia. 3ª ed. Lisboa: Caminho, 2001.

EMP 82(469)-1 AND/mar

 

 Disponível para leitura presencial

ANDRESEN, Sofia de Melo Breyner – Obra poética I. Lisboa: Círculo de Leitores, 1992. 1º vol.

NC 6051 RES

Detalhes

Data:
Julho 16