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Destaques do mês | outubro 2023
As bibliotecas são espaços essenciais para nos familiarizarmos com a História e com os acontecimentos no mundo. Por isso, tendo em conta a escalada de violência e de morte a que assistimos de novo no Médio Oriente, trazemos dois livros que nos ajudam a compreender as origens, as motivações e os radicalismos daquela escalada sanguinária, como o caso de um de Médio Oriente- Solução Impossível?, escrito em coautoria, que nos explica o que era o Médio Oriente antes da Segunda Guerra Mundial e após esta, além da «impossibilidade» da existência dum Estado palestiniano, «que pudesse viver em paz com Israel»[1], conforme se lê na extensa entrevista ao ex-presidente do Egipto, Gamal Abdel Nasser. Há ainda uma entrevista a Abba Solomon Meir Eban, ex-ministro dos assuntos militares de Israel, recuando o entrevistador até 1948 – ano da criação do Estado de ISRAEL -, e outra ao jornalista escocês, a viver nos Estados Unidos da América, Alexander Claud Cockburn, que salienta dois aspectos: por um lado, o facto de Israel depender economicamente dos Estados Unidos da América do Norte; por outro lado, a propaganda soviética junto dos árabes. Ambos os aspectos incendeiam «as ambições hipócritas e desmedidas »[2] do «choque de dois nacionalismos rivais» [3]
O historiador e comentador político, Valter Laqueur, que assina o capítulo «Israel, os árabes e a opinião mundial», salienta uma tríade que se mantém enquanto alicerce deste flagelo sem fim à vista: «o petróleo, o nacionalismo árabe e o desejo de Israel de sobreviver num ambiente hostil.»[4] Sem dúvida, que a descoberta do petróleo em Israel, em 1999, veio alterar o mapa estratégico no médio oriente.
A ascensão dos ideais nacionalistas árabes, desde o início do século XX – defendendo uma única nação, erguida numa religião, língua, cultura comuns, e a lei discriminatória, aprovada em Israel no ano de 2018, também profundamente nacionalista, exaltando que apenas os judeus pertencem à pátria e adoptando apenas o hebraico como língua oficial, são realidades ignoráveis. Escreve ainda Laqueur:
«A União Soviética não quer uma guerra que alastre, mas também não vai impor aos Árabes uma solução de que estes não gostem. Em resumo, a perspectiva no Médio Oriente não é nem de guerra nem de paz. »[5]
Finalmente, no seu depoimento, o jornalista Paul Marie La Gorce conclui que «o drama do Médio Oriente não está no confronto entre os Estados árabes e Israel, mas na coexistência, possível ou impossível, de dois povos que possuem direitos sobre o mesmo território.»[6]
E para quem pretender ler em inglês sobre este tema, recomendamos, do reconhecidíssimo Noam Chomsky, Peace in the Middle East?, que reúne ensaios do autor, com uma análise profundamente lúcida sobre o tema.
Texto: AA/BPAPDL
Disponíveis para leitura presencial
MÉDIO Oriente – solução impossível?. Lisboa: Dom Quixote, imp. 1969.
FG 3/287
CHOMSKY, Noam – Peace in the Middle East?: reflections on justice and nationhood. Glasgow: Fontana/Collins, 1975.
ABC 448 RES
[1] MÉDIO Oriente – solução impossível?. Lisboa: Dom Quixote, imp. 1969, p. 39.
[2] Id., 78.
[3] Id. 77-78.
[4] Id. 101.
[5] Id, 148.
[6] Id., 172.