Abril: um mês de leituras dedicadas à Liberdade e ao 25 de Abril.

Estamos no mês de Abril. Há 49 anos, Portugal recuperou a Liberdade perdida com a ditadura, instaurada em 1929, que durou até 1974. No próximo ano, celebraremos meio século de direitos alienáveis conquistados. É por isso que devemos sempre celebrar Abril, celebrando a importância da Revolução dos Cravos, que teve lugar no dia 25 de Abril, conforme Sophia de Mello Breyner escreveu no poema icónico, «O dia inicial inteiro e limpo/Onde emergimos da noite e do silêncio». Por este motivo, os livros que vos trazemos são dedicados à conquista da nossa democracia, a começar pelo diário e ensaio de Natália Correia (1978), Não Percas a Rosa Diário e  algo mais (25 de Abril de 1974 — 20 de Dezembro de 1975)[1]. Os textos diarísticos da primeira parte registam todas as sensações vividas pela autora no decurso dos acontecimentos de Abril de 1974 a Dezembro de 1975. A confluência de acontecimentos ditou-lhe a expressão «Ó Liberdade, brancura do relâmpago», que será completada como a defesa de uma revolução integral, que transforme o interior do indivíduo, porque apenas assim se poderia consumar o grande ideal de Abril. Na segunda parte do livro, o ensaio, que Natália escreveu em 1978, oferece-nos um diálogo intertextual esplendoroso com Fernando Pessoa, acentuando a trágica tendência portuguesa para a relapsia e suplicando a Portugal, que não perca a vocação interior da sua essência, essa sim, capaz de transformar o velho no novo país. Ainda este mês, de Maria Inácia Rezola (2007), um belíssimo ensaio, intitulado 25 de Abril: Mitos de uma Revolução[2]. Doutorada em História Contemporânea, a investigadora e ensaísta faz uma belíssima síntese do que foi a Revolução de Abril, explicando os difíceis últimos anos da ditadura, a criação e a importância do Movimento dos Capitães, os momentos centrais do 25 de Abril, os governos provisórios, o 11 de Março, a emergência de novos partidos políticos, o 25 de Novembro, a escolha de um candidato presidencial. Este é um ensaio propositadamente escrito para um público não académico, e recomendamo-lo pela clareza do texto e detalhe informativo.

Para os mais novos, para quem é tão importante saber o que é a Liberdade e o quanto nos custou conquistá-la, recomendamos , de Carlos Rebelo e Vítor Tavares (2010), A Revolução do 25 de Abril, explicada aos jovens[3]. Trata-se de um livro de leitura muito fácil e de grande utilidade, porque começa exatamente por dar a conhecer, nos seus vários cambiantes, o tempo de repressão que se vivia durante a ditadura. Em seguida, e sem esquecer uma cronologia da Revolução dos Cravos, descreve os antecedentes do 25 de Abril, narrando, em seguida, todos os acontecimentos que deram lugar à conquista da Liberdade e da Democracia, assim como a Constituição de 1976. Interessante é ainda o facto de dar a conhecer a arte associada ao tema e um glossário.

ÂA/BPARPDL

Disponíveis para empréstimo domiciliário

CORREIA, Natália – Não percas a rosa: diário e algo mais, 25 de Abril de 1974, 20 de Dezembro de 1975. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1978.

EMP AÇORES 82-94 COR/não

REZOLA, Maria Inácia – 25 de Abril: mitos de uma revolução. 1ª ed. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2007.

EMP 323(469) REZ/vin

REBELO, Carlos; TAVARES, Vítor – A revolução do 25 de Abril explicada aos jovens. Lisboa: Plátano Editora, 2010.

JUV 94(469) REB/rev

^[1]CORREIA, Natália (1978). Não percas a Rosa, Diário e algo mais ((25 de Abril de 1974 — 20 de Dezembro de 1975 ). Lisboa: Dom Quixote (2ª ed., 2003; 3ª ed., 2015), 383 p..A terceira edição, uma iniciativa da Editorial Ponto de Fuga, com pesquisa e Introdução Âng    ela de Almeida e coordenação editorial de Vladimiro Nunes,  inclui, sob o título «Ó Liberdade, Brancura do Relâmpago», as «Crónicas  Vagantes»,que a autora escreveu para A Capital entre Julho de 1974 e Julho de 1975 .

[2] REZOLA, Maria Inácia (2007). 25 de Abril: Mitos de uma Revolução. Lisboa: Esfera dos Livros.

[3] REBELO, Carlos, TAVARES, Vítor (2010). Lisboa: Plátano.