Neste mês de Maio, começamos por destacar um ícone da Literatura europeia e mundial do século XX, publicado em 1951: Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar.  Trata-se de um romance epistolar, transversal à História, apesar de nele se contar a vida do imperador romano Marco, que, no final da vida e doente, dirige uma carta ao seu sucessor, Marco Aurélio. Muito mais que a narrativa pessoal de Adriano, neste romance, magistralmente escrito, estamos perante um ensaio sobre a cidadania e o exercício do poder, onde a condição feminina assume especial importância, a par de uma capacidade de superior lucidez e análise dos males da humanidade: «Duvido que toda a filosofia do mundo consiga suprimir a escravatura: o mais que poderá suceder é mudarem-lhe o nome. Sou capaz de imaginar formas de servidão piores que as nossas, por serem mais insidiosas: ou seja, que consigam transformar os homens em máquinas estúpidas e satisfeitas, que se julgam livres quando estão subjugados, (…).» (YOURCENAR, 1974: 93)

E, continuando a celebrar o centenário do nascimento de Natália Correia, convidamos os leitores a lerem um romance publicado em 1968, A Madona, irradiado pelas luzes libertadoras da década de sessenta. Com uma escrita pautada por momentos poéticos de elevada consistência, esta narrativa opõe dois mundos – a ruralidade de Briandos – uma pequena comunidade portuguesa no interior montanhoso de Portugal, onde vive Branca, a narradora, e Paris, além de outras cidades europeias, abertas à libertação da mulher, tema central do livro, que começa com a morte do pai, carregada de simbolismo. O que, de facto, não pode passar despercebido, como em toda a obra da autora açoriana, é a sua contínua atenção e denúncia do estado do mundo, saído da Segunda Guerra Mundial: «Melita, a judia, trazia a explicação na carne em forma de sinete. Aquele estigma que os nazis lhe marcaram na coxa para que gratamente lembrasse terem-lhe eles poupado os seus treze anos de vida que deram como pasto ao delírio venéreo de Auschwitz. (…) .» (CORREIA,1968: 10-11).

Para os mais pequeninos, aconselhamos a leitura do livro O Rei Leão, criado a partir do filme homónimo da Walt Disney: comovedor e belo, oferece-nos a possibilidade de sentirmos a doçura dum coração inocente na infância e a maldade dos que tentam impedir ou criar entraves no caminho dos outros; todavia, assistimos, claro está, à vitória do bem sobre o mal, da coragem sobre a cobardia e da amizade sobre a animosidade, à vitória da Vida.

AA/BPARPDL

Disponíveis para empréstimo domiciliário

YOURCENAR, Marguerite – Memórias de Adriano: seguido de apontamentos sobre as memórias de Adriano. 10ª ed.[Lisboa]: Editora Ulisseia, (imp. 1997).

EMP 82(44)-31 YOU/mesma

CORREIA, Natália – A madona. 3ª ed. Lisboa: Publ. Dom Quixote, 1986.

EMP AÇORES 82-31 COR/mad ex.3

DISNEY, Walt – O rei leão. Linda-a-Velha: Controljornal, D.L. 1996.

JUV 82-34 DIS/rei