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Destaque do mês | Dezembro

Florbela Espanca nasceu há 130 anos

 

       Tinham decorrido 73 anos sobre a extinção da Inquisição em Portugal, quando a poetisa alentejana nasceu: Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 – 7 de Dezembro de 1930) conheceria a primeira Constituição Portuguesa, a  implantação da República , a I Guerra Mundial, na qual Portugal participou, frequentaria o ensino liceal e universitário público, acolheria os ventos feministas que então chegavam ao nosso país,  seguiria Antero de Quental, António Nobre, Guerra Junqueiro e todos os que perfilharam o soneto como a forma maior do poema, não obstante a poetisa também tivesse publicado poemas com versos de outro formato:

«Florbela não escreveu só sonetos. Mas descobriu o acabado, o fechado, o feminino do soneto. Com efeito, o soneto assemelha-se muito aos trabalhos femininos. O soneto quando cultivado por mulheres, é um ciclo continuado indefinidamente do último ao primeiro verso.» (Sena, 1947: 18)

       Romântica, profundamente romântica, a sua poesia reclama todo o amor que não recebeu («E é sempre a mesma mágoa,…/…»), toda a claridade que não viu («Eu queria ser o Sol, a luz imensa»/…), toda a liberdade que não viveu («Meu doido coração aonde vais, /No teu imenso anseio de liberdade?/…), toda a imensidão oceânica do vôo  («Eu queria ser o Mar de altivo porte/Que ri e canta, a vastidão imensa!/…»), toda a incompreensão sofrida (…/« Alma de luto sempre incompreendida!…»/…) , toda a soberania do poeta («Ser poeta é ser mais alto,…»/…), por isso escolhe o  chão da «obscuridade íntima» ( Luís, 1984 : 161).

      Apesar de não ter pertencido ao Modernismo Literário de Pessoa, de Almada , de Sá-Carneiro, entre outros, onde a poesia ascende à categoria estética de art-en-soi-même, isto é, de uma arte que não reproduz o real, antes que se concretiza  na alteridade imaginária, conferindo assim mais responsabilidade ao universo vocabular em detrimento de uma determinada  matriz formal , a verdade é que há uma linha transgressora no sujeito poético florbeliano que apela ao sonho, à liberdade, ao direito de amar e de ser amada,  ao reconhecimento do que é ser Poeta, à exteriorização de uma matriz profundamente feminina e saudosista.

      Em vida, Florbela Espanca publicou Livro de Mágoas (1919) e Livro de Sóror Saudade (1923). A título póstumo, foram publicados Charneca em Flor (1931), Juvenília (1931), Reliquiae (1934). O livro que este mês vos recomendamos, Sonetos completos: Livros de Mágoas, Livro de Sóror Saüdade, Charneca em Flor, Reliquiae (ACR 2905 RES), reúne todos os sonetos da poetisa.

Autoria do texto: ADA/BPARPDL

 

Disponíveis para empréstimo domiciliário

ESPANCA, Florbela – Poesia completa. 1ª ed. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000.

BPARPD EMP 82(469)-1 ESP/poec       

 

ESPANCA, Florbela – As máscaras do destino. Lisboa: QUIDNOVI, 2008.

BPARPD EMP 82(469)-34 ESP/más

 

Disponíveis para leitura presencial

ESPANCA, Florbela – Sonetos completos: livros de mágoas, livro de sóror saüdade, charneca em flor, reliquiae. Coimbra: Livraria Gonçalves, 1934.

BPARPD ACR 2905 RES

 

LUÍS, Agustina Bessa – A vida e a obra de Florbela Espanca. [1ª ed]. Lisboa: Arcádia, 1979.

BPARPD FG 9/770