O Teatro Michaelense, sonho da ilustrada sociedade micaelense de meados do século XIX, foi obra conseguida por uma sociedade de diversos subscritores e abriu ao público em 1864, ainda que inacabado, com a atuação de uma companhia contratada no continente, repleta de nomes nacionalmente conhecidos. O edifício era uma obra de cariz neo clássico com diversas salas e alguma dimensão, bem como um café de exploração independente, embora com ligações pelo interior e exterior. Com a evolução das artes cénicas e a introdução do cinema, o edifício foi-se adaptando e acrescentando elementos à sua estrutura. Em 1930 foi alvo de um grande incêndio que deixou apenas os camarins, o foyer e o café de pé, tendo-se reduzido todo o restante interior a cinzas. Os escombros seriam demolidos posteriormente e hoje em dia, em seu lugar, está localizado o Jardim Sena Freitas (mais conhecido como “Jardim da Zenite”). Um novo teatro foi encomendado, com desenho do arquiteto Raúl Rodrigues Lima, e construído em novo local (na área do antigo Convento de São João Evangelista), tendo sido inaugurado em 1946.
O arquivo do Teatro depositado na BPARPD, apesar de ter perdido a sua ordem original, comporta documentação que data entre 1860 e 1938, num total de 65 maços e cerca de 5 metros lineares de documentação. Entre o conteúdo dessa documentação encontram-se livros de atas da Direção, livros de correspondência, documentos administrativos e de contabilidade e outros de natureza arquivística, anúncios e prospetos de espetáculos de teatro, revista, opereta e cinema, bem como partituras musicais e alguns guiões de peças.
Escolhemos para documentos do mês o seguinte exemplar deste arquivo:
– Cartaz volante a anunciar a representação de «Órfãos de Ventura» e «À procura de casamento» pela Troupe Guignol, datado de 06 de agosto de 1916. BPARPD – Arquivo da Sociedade Teatral Micaelense, Cx. 55, Doc. 8332.