Passados precisamente 105 anos, damos destaque, este mês, a uma carta enviada por Fernando Pessoa a Armando Côrtes Rodrigues, datada de 23 de junho de 1915. Este documento integra o valioso arquivo de Côrtes Rodrigues, o qual se encontra nesta Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, constituído por documentação do produtor e inúmera e diversa correspondência, esta, num total de perto de 5000 cartas.
O remetente foi um célebre poeta, filósofo e escritor, considerado o mais universal poeta português. Enquanto poeta, escreveu sob múltiplas personalidades – heterónimos, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro –, sobre as quais se debruça a maior parte dos estudos relativos à sua vida e obra. Em 1915, participou na revista literária Orpheu, a qual lançou o movimento modernista em Portugal.
O destinatário, nascido em terras micaelenses, foi um eminente professor dos liceus que marcou profundamente várias gerações de alunos, escritor, poeta, dramaturgo, cronista e etnólogo açoriano que se distinguiu pelos seus estudos de etnografia e, em particular, pela publicação de um Cancioneiro Geral dos Açores e de um Adagiário Popular Açoriano, obras de grande rigor e qualidade. Concluído o ensino secundário, partiu para Lisboa, onde se licenciou em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa (1910-1915), tendo, nessa altura, conhecido Fernando Pessoa e feito parte do grupo do Orpheu e colaborado nos dois primeiros números desta revista, com vários poemas.
No documento do mês, deparamos com Fernando Pessoa numa circunstância violenta e aflitiva e a pedir a Côrtes Rodrigues 5000 réis, quantia que se comprometia a pagar no primeiro dia de julho, se o não pudesse fazer antes.
Legenda do documento:
– Carta de Fernando Pessoa dirigida a Armando Côrtes Rodrigues. Lisboa, 23 de junho de 1915. BPARPD. Arquivo Armando Côrtes Rodrigues. Correspondência, doc. 4487.