Alice Moderno (Paris, 11.08.1867 – Ponta Delgada, 20.02.1946) foi a primeira mulher a frequentar o Liceu Nacional de Ponta Delgada, como aluna interina. Foi uma mulher à frente do seu tempo e de hábitos pouco femininos para os padrões da época como fumar tabaco, usar o cabelo curto ou até pela sua atividade no mundo dos negócios.
No trajeto para se tornar financeiramente independente, começou por dar aulas particulares, sendo mesmo considerada uma das mais conceituadas professoras de Ponta Delgada. Paralelamente dedicou-se ao jornalismo. Fundou os jornais O Recreio das Salas (1888-1889) e A Folha (1902-1917). Dirigiu e foi redatora do Diário de Anúncios (1892-1893). Colaborou em diversos periódicos de todo o país, dos quais destacamos apenas alguns: Revista Pedagógica, A Persuasão, A Madrugada, Alma Feminina, Portugal Feminino e Correio dos Açores. Mais tarde acabou por se dedicar aos negócios, gerindo a sua própria tipografia, as suas estufas de ananases e servindo de intermediária a variadas empresas, desde seguradoras a produtoras de vinho, nacionais e internacionais.
A par desta sua atividade profissional, publicava poemas e dedicava-se à defesa dos animais, tendo sido um dos membros fundadores da Sociedade Micaelense Protetora dos Animais (1911). Tal era a sua dedicação à causa que deixou em testamento uma quantia para a criação de um Hospital Veterinário.
Em 2015, a BPARPD prestou-lhe homenagem através de uma exposição intitulada Alice Moderno: cidadania e intervenção (1867-1946) e fazemo-lo mais uma vez, desta feita através do documento do mês, que consiste num poema manuscrito da poetisa, o qual se encontra no fundo da Sociedade Teatral Micaelense. Este poema terá sido, eventualmente, declamado na festa recreativa em benefício da igreja das Furnas (Persuasão, nº 1964, 06.09.1899), que ocorreu pela mesma altura em que este foi escrito.
Legenda do documento do mês:
– Poemas de Alice Moderno
BPARPD. Sociedade Teatral Micaelense, cx. 21, doc. 4580.