A Arte nos Açores: relance sobre a sua história foi a monografia escolhida para assinalar o dia mundial da arte que se comemora a 15 de abril. Esta obra de Jorge Gamboa de Vasconcelos, datada de 1985 sob a chancela do Instituto Cultural de Ponta Delgada, trata da arte no Arquipélago dos Açores após o início do seu povoamento no século XV.
Jorge Gamboa de Vasconcelos constata que a arquitetura, como arte coletiva, obtém sempre um maior desenvolvimento em relação à pintura e à escultura.
Relativamente à arquitetura, o autor descreve as primeiras habitações e igrejas das ilhas de Santa Maria e de São Miguel. Destaca como ponto de partida que em Santa Maria as habitações apresentam-se dispersas e com chaminés redondas, embora sem grandes ornamentos, semelhantes, já nos meados do século XV, aos núcleos urbanos e rurais do Algarve. De modo diferente, na ilha de São Miguel as casas estão unidas e com as chaminés retangulares em tudo semelhantes às existentes em vilas e aldeias do Alentejo.
Refere que na última metade do século XV existem nos Açores quatro igrejas góticas. Duas na ilha Terceira, uma em São Miguel e outra no Faial. Na ilha Terceira destaca a Igreja Matriz de Santa Cruz, na Praia da Vitória, mandada construir no ano de 1456 e a Igreja de São Sebastião na freguesia com o mesmo nome. Na ilha de São Miguel, em Vila Franca do Campo, refere a Igreja de São Miguel Arcanjo, que foi completamente destruída pelo terramoto de 1522. Diferente das restantes, porque já pende para uma nova expressão manuelina, indica a Igreja da freguesia dos Cedros na ilha do Faial.
Na obra, o autor faz referência ao estilo barroco como sendo o predominante nos Açores no século XVII. A ilha de São Miguel tem na verdade um elevado número de edifícios barrocos que se caracterizam por um estilo decorativo muito mais acentuado, em especial nos seus janelões e ornamentos. São exemplo disso a Igreja do Colégio, a fachada da Igreja Matriz, a Igreja de São Pedro, a Ermida de Nossa Senhora da Piedade, assim como as fachadas das Igrejas da Esperança e Santo André.
Relativamente a outras manifestações artísticas, o autor refere que, desde o início do povoamento, a pintura ocupou sempre um papel de destaque no cimo dos altares e nas telas que embelezam as igrejas de todas as ilhas dos Açores. No que concerne à escultura, apesar de ter aparecido mais tarde, também acompanhou os primeiros povoadores nas suas viagens às ilhas do Atlântico.
A Arte nos Açores: relance sobre a sua história é uma obra que demonstra de forma clara as primeiras evidências de arte nos Açores, após o seu povoamento no século XV. Descreve igualmente a forma como a arte se desenvolveu e consolidou no Arquipélago.
Jorge Gamboa de Vasconcelos, natural da Ribeira Grande, era sócio efetivo do Instituto Cultural de Ponta Delgada. Desenvolveu de forma destacada uma atividade cultural divulgadora de aspetos da História da Arte nos Açores em particular através da colaboração com trabalhos publicados no Boletim daquele Instituto e na revista Insulana.
A sua livraria constituída por um milhar de exemplares deu entrada na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada em 2009, tendo sido oferecida pela Assembleia Regional dos Açores.
VASCONCELOS, Jorge Gamboa – Arte nos Açores: relance sobre a sua história. Ponta Delgada: Instituto Cultural, 1985.
EMP AÇORES 7 Vas/art