O culto do Espírito Santo está intrinsecamente ligado à alma açoriana. Constitui porventura uma das maiores manifestações de religiosidade popular característica destas ilhas. Trata-se de uma forma de devoção muito enraizada nos princípios cristãos, alicerçado em diversos princípios como o amor ao próximo, manifestado pela partilha de bens, pela solidariedade social e pela gratidão a Deus, em profundo reconhecimento por graças obtidas.
Iconografia e simbólica do Espirito Santo nos Açores, de Emanuel Félix, retrata vários elementos iconográficos referentes ao Espirito Santo, entre eles a coroa e o cetro que constituem traços determinantes da cultura açoriana.
A coroa com hastes é símbolo do poder imperial constituindo uma forma de reconhecer ao Espirito Santo o poder máximo. Na junção das suas hastes há sempre uma esfera encimada por uma pomba, que representa o domínio do Espirito Santo sobre a terra. Algumas coroas ostentam sobre as hastes uma cruz como símbolo, exibindo a ligação entre a fé no Espirito Santo e a fé em Cristo. Com a coroa está sempre o cetro que contém na extremidade superior uma pomba. O cetro é igualmente uma divisa de realeza e hierarquia reconhecido ao Espirito Santo.
No contexto das festividades ao Divino Espírito Santo, a coroa assume um papel de destaque pois surge integrada nos cortejos e, sobretudo, durante a celebração da missa da coração é pousada na cabeça como sinal de bênção.
Com o decorrer do tempo, os festejos do Espírito Santo assumem características próprias de cada ilha, embora mantenham alguns elementos comuns como a coroação, a exposição das suas insígnias (coroa e cetro), o cortejo e a distribuição de oferendas de pão, carne e vinho.

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FÉLIX. Emanuel. Iconografia e simbólica do Espírito Santo nos Açores. Praia da Vitória: Santa Casa da Misericórdia, 1996.