A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, pretendendo dar continuidade à realização de mostras documentais, com o intuito de promover os seus arquivos e respetivos conteúdos, abriu ao público, a 2 de março último, uma mostra documental intitulada “Paleografia VERSUS Caligrafia – A escrita em documentos de quinhentos a novecentos”.
Programada para ficar patente até 3 de maio, a mostra acabou por não poder ser vista durante a maior parte desse período, devido ao encerramento da instituição, pelas razões que de todos são conhecidas, a partir de 13 de março.
Embora a reabertura institucional tenha tido lugar a 25 de maio e sido prolongado o período de permanência desta mostra, a verdade é que a divulgação se tem mantido relativamente restrita, dadas as novas condições de acesso ao edifício e a muitíssimo menor circulação de público. Removida a 30 de junho, para dar lugar a outro evento, foi possível catapultá-la para ambiente digital, numa colaboração entre a Divisão de Arquivo e o Departamento de Eventos e Comunicação, que se considera deveras produtiva e que permite, não só uma divulgação muitíssimo mais abrangente e perene, como a inclusão de um conjunto bastante mais alargado de documentos que a exiguidade do espaço físico de exposição não comportava.
Esta mostra apresenta documentos antigos, que se consideram da área da paleografia, mas cuja leitura é fácil e intuitiva, em contraponto a outros, recentes, nos quais se revela notoriamente difícil a leitura da caligrafia dos seus autores.
Estão incluídos, é certo, documentos cuja escrita, designada como paleográfica, é de leitura difícil e exige muita atenção, releituras, pausas e novas tentativas de leitura. Isto, claro, para além de habilidade natural, capacidade de retenção do que se visualizou em anteriores leituras, acumulação dessa aprendizagem, bem como análise e comparação do que está escrito. O reconhecimento dos formulários usados, das abreviaturas e da construção das frases apoiam a compreensão do que nem sempre está evidente na leitura do que foi escrito.
Mas são também apresentados, de forma intencionalmente provocatória, documentos muito mais recentes – para os quais já não se pode, portanto, falar em paleografia e, sim, em caligrafia –, em que a escrita é de difícil leitura.
Quer se trate de documentos produzidos no âmbito de atividades oficiais, pelos escrivães de entidades públicas ou religiosas, por tabeliães nas suas funções notariais e de escrivania, ou pelos párocos – fosse uma chancelaria régia, um cartório ou uma igreja paroquial –, quer, em contrapartida, da correspondência entre particulares, assim também variavam as formas de escrita e os modelos e formulários seguidos.
Estão incluídos documentos do acervo do Arquivo Regional de Ponta Delgada, de um espaço de 440 anos, com datas de 1516 a 1956, pertencentes a diferentes fundos documentais de natureza pública ou privada, arquivos de entidades oficiais, religiosas, famílias e pessoas.
Perante as incertezas e os condicionamentos agora impostos, o desafio lançado ao Departamento de Eventos e Comunicação deu azo à apresentação desta mostra, de forma virtual, através da plataforma Artsteps da Dataverse Ltd, com tecnologias 3D VR (Virtual Reality – Realidade Virtual) e otimização para dispositivos mobile com o download, gratuito, da aplicação Artsteps, quer na Google Play quer na App Store. Poderá ser sempre visitada no sítio web institucional https://bparpd.azores.gov.pt/acervo/paleografia-versus-caligrafia/, perdendo, todavia, o destaque, a partir do final do próximo mês de setembro.
Como elemento de ligação e para permitir uma visualização, ao pormenor, do conteúdo documental, foi criado um catálogo digital e interativo, com o recurso online, Fliphtml5