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Instante entre estantes – “Budapeste” de Chico Buarque

José Costa é um “escritor fantasma”, alguém especializado em comercializar a escrita através da venda do que escreve para outras pessoas assinarem. Das cartas, discursos, artigos e livros escritos anonimamente por José Costa muitos vão alcançando o sucesso sem que o verdadeiro autor receba o reconhecimento.

Em “Budapeste”, Chico Buarque reveste a narrativa com a sua habitual poética sustentada pela inteligência de quem ri de si mesmo, permeando cada página com aquela agudeza estonteante de um excelente observador. O autor escreveu sempre a partir da sua casa no Rio de Janeiro e do seu apartamento em Paris, sem nunca ter ido conhecer Budapeste.

Apesar de imaginarmos que a vida de um escritor fantasma é solitária, há um Congresso Mundial de Escritores Anónimos na Turquia e no regresso, por uma daquelas questões lamentáveis das companhias aéreas, José Costa vê-se retido em Budapeste. Aficionado por palavras e sons, José Costa apaixona-se pelo idioma local passa a chamar-se Zsoze Kósta.

Enquanto que na pele de José Costa o escritor só consegue escrever em prosa, sob seu novo nome, Zsoze Kósta, só consegue escrever em versos. Delicioso jogo de claro/escuro, o livro “Budapeste” permite mergulhar num mar de espelhos de onde saímos maravilhados com a escrita de Chico Buarque de Holanda.

Advertência:
Antes de ler “Budapeste” olhe demoradamente a sua figura no espelho e veja se reconhece aquele que está refletido na imagem.

O livro “Budapeste” está disponível para empréstimo na nossa Biblioteca.